Com disputas em quatro modalidades e histórias que atravessam gerações, o evento reforça a convivência fora dos tribunais

A juíza do trabalho Patrícia Santana, da Amatra XII, ajustou os óculos de natação, firmou os pés no bloco de partida e aguardou o sinal. Quando mergulhou, não foi apenas a água que cortou — foi o tempo.

“Parece sempre a primeira vez que a gente está caindo na piscina”, diria depois, ao lado da borda. Ela havia voltado a competir depois de anos sem treinar, e não buscava pódio: buscava ritmo.

Nas piscinas do Clube Santa Úrsula, os Jogos da Magistratura ganharam novo fôlego. A natação estreava no terceiro dia de competições e deu à manhã um ar quase cerimonial. Havia torcida discreta, movimentação nos bastidores e um tipo particular de silêncio — o que antecede o esforço físico e o cumprimento de uma meta pessoal.

O Presidente da Amagis DF, Carlos Alberto Martins Filho, secretário da AMB e coordenador dos Jogos, circulava entre os atletas.

“É sempre um prazer, uma felicidade ver o coleguismo entre os magistrados e seus familiares nesses jogos tão importantes para a AMB”, disse. A frase era simples, mas refletia bem o clima do evento: informal, mas bem cuidado. Técnico, mas humano.

Mais tarde, no Hotel Best Western, sinuca e tênis de mesa compuseram outro cenário. Menor em escala, mais silencioso, porém igualmente competitivo. O juiz Wilson Dias, da AJURIS, transitava entre as mesas com tranquilidade. Participou da primeira edição dos Jogos, em 1999, no Rio de Janeiro. Nesta edição, entrou em quatro modalidades: sinuca, pebolim, xadrez e vôlei de areia.

“Já joguei muito futebol. Agora estou nas que ainda consigo jogar”, contou. Falou com naturalidade, como quem reconhece os próprios limites, mas não abre mão do prazer de estar presente.

Aos 76 anos, o juiz Sebastião Firmino, do TJPI, também estava lá. Jogava tênis de mesa com leveza, mas com a precisão de quem treina há décadas.

“Estou sempre nas finais com meu parceiro, o desembargador Luiz Oyama. O tênis de mesa faz parte da minha vida.”

A frase foi dita sem afetação, como quem narra um hábito. Mas a constância de sua presença ali, ano após ano, diz mais do que ele próprio se permite expressar.

Na avaliação da juíza Vanessa Mateus, coordenadora da Justiça Estadual da AMB, os Jogos atingiram um novo patamar.

“São os maiores jogos que a AMB já organizou. Os colegas se encontram nas disputas, no transporte, fora das quadras. A integração é espetacular.”

Ela falava sentada em uma das arquibancadas laterais, observando as chegadas e saídas dos competidores. O que ela via ali não era apenas esporte. Era permanência.

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