“Indiscutivelmente, Rui foi nosso maior intelectual e o responsável pelo projeto de elaboração do Brasil”, afirmou o juiz Frederico Mendes Júnior durante o evento que comemorou os 175 anos do jurista no TJBA

Nascido em Salvador, em 5 de novembro de 1849, Rui Barbosa é um dos maiores nomes da história brasileira. Em sua homenagem, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) celebrou o aniversário de 175 anos de seu nascimento com a palestra “Pensamento e ação de Rui Barbosa”, proferida pelo Presidente da AMB, Frederico Mendes Júnior.

O juiz afirmou sentir-se honrado por estar na Bahia falando sobre o jurista, personagem central de seu doutorado em História e Historiografia da Educação, na Universidade de Maringá ‒ “Educação, religião e trabalho nas campanhas presidenciais de Rui Barbosa em 1910 e 1919”.

“Passei cinco anos da minha vida estudando a República Velha e a vida desse grande intelectual, diplomata e político. A fonte primária no estudo sobre Rui Barbosa sempre foi ele mesmo. Ele escreveu muito sobre política, federalismo, e a abolição da escravidão. Sua obra é uma imensidão de escritos”, disse.

Na palestra, o magistrado destacou o impacto das ideias do baiano para a consolidação da República e sua influência no sistema de justiça do país. O Presidente da AMB relembrou a trajetória de Rui Barbosa até sua célebre participação na Conferência de Haia, em 1907, quando ele foi reconhecido pela defesa de uma ordem de igualdade entre as nações.

“Rui saiu como grande vitorioso da conferência porque conseguiu evitar a criação de um Tribunal Arbitral Internacional que daria força às superpotências e poderia escalar o armamentismo. Com discursos densos e detalhados, Rui convenceu que os países deveriam ser tratados com absoluta igualdade, em busca da paz”, afirmou.

O Presidente da AMB também destacou a trajetória política de Rui, mencionando a campanha de 1910, na qual viajou pelo Brasil, e a de 1919, em que ele adaptou seu discurso às grandes mudanças sociais da época, como o começo da emancipação política das mulheres. O magistrado também ressaltou o papel central de Rui Barbosa na luta pela abolição da escravidão e suas ações para a implementação do habeas corpus no sistema de justiça.

O juiz não deixou de mencionar as polêmicas que marcaram a trajetória do homenageado, como sua posição contra a obrigatoriedade da vacinação e seu envolvimento no Encilhamento, um desastre econômico encabeçado por Rui quando era Ministro da Fazenda do presidente Deodoro da Fonseca.

O presidente da AMB ressaltou a determinação de Rui Barbosa. “Era um homem muito determinado, que nos prova que a persistência, aliada ao talento e à inteligência, é explosiva.”

Ao encerrar, o Presidente da AMB relembrou o legado educacional do jurista, cuja visão contribuiu para a criação de uma escola pública, laica e gratuita no Brasil. De acordo com o juiz, apesar de ser um católico fervoroso, Rui era contra a ideia de infalibilidade papal.

“Estamos falando de ideias que permanecem ainda em debate. Ele trouxe para o Brasil as melhores ideias do mundo e sabia adaptá-las à nossa realidade. Em sua trajetória, Rui conseguiu transformar projetos e ideias em ações que repercutiram na vida das pessoas”, concluiu.

O Desembargador Cássio José Barbosa Miranda (TJBA) compôs a mesa do evento durante a palestra.

Homenagens

A homenagem contou com a exibição do filme “A Voz de Rui – O Arquiteto da República”. Com duração de 1h30min, o filme tem direção de Belisário Franca.

Durante o evento, o advogado e professor Thomas Bacellar também recebeu a “Medalha do Mérito Jurídico Rui Barbosa”.

Pela tarde, os participantes visitaram o Fórum Rui Barbosa, com homenagens na cripta onde estão os restos mortais de Rui e de sua esposa Maria Augusta, no subsolo do prédio.

Henrique Bolgue (Ascom/AMB) 

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