Clube de Leitura discute “A Vegetariana”, de Han Kang

Obra foi prêmio Nobel de Literatura em 2024 e apresenta um retrato da violência na Coreia do Sul
O Clube de Leitura da AMB segue com seus debates sobre obras que incentivam a reflexão e o diálogo. No último encontro discutiu a obra A Vegetariana, de Han Kang.
A obra tem sido apontada como um dos livros mais importantes da ficção contemporânea. Uma história sobre rebelião, tabu, violência e erotismo escrita com a clareza atordoante das melhores e mais aterradoras fábulas.
A palestrante desta edição foi a professora de literatura, Yun Jung Im. A doutora em Comunicação e Semiótica pela USP é coreana e traduziu uma das edições da obra para o português, pela editora Devir, em 2013. Ela explicou o complexo processo da tradução e as dificuldades na época, quando o livro era desconhecido. Pelo seu trabalho, a professora ganhou o prêmio Prêmio Coreano de tradução literária, oferecido pela LTI Korea em 2014.
A obra foi reconhecida mundialmente em 2016, quando “A Vegetariana” ganhou o Prêmio Internacional Man Booker. Em 2024, a Han Kang ganhou o Nobel de Literatura.
Segundo a professora Yun Jung Im, a autora tem trilhado um caminho firme sobre a questão das consequências da violência interpessoal, sociocultural e histórica da Coreia do Sul. A narrativa reflete uma sociedade machista e patriarcal, que afeta a protagonista.
“Eu acredito que esse é um romance denúncia sobre todas essas camadas de violência que a sociedade coreana sofre nesses dias. E o pólo mais fraco dessa violência é a mulher”, disse.
O encontro foi mediado pelo Desembargador Franco Cocuzza (TJSP), que considera que a literatura coreana, principalmente a voltada aos jovens, é muito interessante. Tanto a juíza Daniela Almeida Prado Ninno (TJSP) como o Juiz Jorge Frias (TJMS) afirmaram se impressionar com a violência retratada no livro.
Segundo a professora Yun Jung Im, a violência presente na obra não reflete todas as famílias coreanas. "É mais como uma caricatura, para refletir essa história de violência", disse.
Assista ao encontro completo:
Próximo encontro
Em 30 de abril, os magistrados voltam a se reunir para discutir o livro “O diabo”, de Marina Tsvetáieva.
Parte da prosa autobiográfica de Marina Tsvetáieva (1892–1941), "O diabo" foi publicado primeiramente em Paris, em 1935, e reconstrói em prosa as lembranças de Marina Tsvetáieva de si mesma menina (até seus sete anos): “Não vou falar daquilo que não aconteceu, pois a única finalidade, o único valor desses escritos está em sua identidade com o passado, na coincidência consigo mesma daquela menina, reconheço-o, esquisita, mas que existia”.
A obra traz as impressões ambíguas, sensuais, sensoriais, literárias e pluriculturais da figura do diabo para Tsvetáieva.
A palestrante será a professora de literatura russa da USP, Elena Vássina, que já participou de outros encontros do Clube de Leitura da AMB.
SERVIÇO
Clube de Leitura - “O diabo”, de Marina Tsvetáieva
Quando: 30/04
Horário: 19 horas
Inscrições: [email protected]
Formato: on-line via plataforma Zoom